sábado, 14 de maio de 2011

13 de maio - Abolição dos Escravos

Abolição

O Dia da assinatura da Lei Áurea, é bom lembrar que foi introduzido pela elite branca, não celebrando em absoluto nenhuma conquista popular, nenhuma transformação social verdadeira. Quando fala-se nessa questão, remete-se ao grande ato de bondade que a Princesa Isabel, representante da elite branca realizou em favor dos negros, limpando- se de qualquer responsabilidade direta ou indireta pela situação social dos afrodescendentes no passado e no presente.

Precisamos ter um olhar crítico em relação a este fato histórico, porque a inferiorização que transporta ao povo vindo de África para esse país, depois de muito trabalho forçado, coloca uma mulher branca como sua "redentora" (como se a liberdade não fosse um direito inato a todos os seres humanos - idependentemente de sua cor, raça, religião, idéias...), ainda quer incutir nos negros um certo sentimento de gratidão eterna.

Foi com Zumbi dos Palmares que os negros verdadeiramente conquistaram a liberdade, que na minha opinião representa melhor essa luta do que a Princesa Isabel em seu papel naquele período histórico, quando sua preocupação não era com a situação do negro e sim com a situação ecnômica e social dos seus pares.

Nesse sentido, é necessário repensar a forma em que repassamos essa informação histórica para nossos filhos e alunos, resgatando o valor da luta do negro para a sua libertação. Lembrando que, reis, rainhas, príncipes, princesas, os mais bonitos, os mais fortes e mais saudáveis foram arrancados de suas comunidades na África, postos em barcos imundos e trazidos para o Brasil, somente para servir de engrenagem, de combustível, não a um esforço colonizador, mas o que é pior, a um esforço meramente mercantil, que visava somente o lucro e nada mais. A cor da pele justificava esse ato, o que muita gente, até hoje, tenda justificar sua discriminação contra o negro.

 A Lei Áurea da Princesa Isabel, simplesmente retirou dos senhores de escravo qualquer eventual obrigação que tinham para com esse povo. Não veio revestida de nenhum projeto de reintegração desses ex-escravos à malha econômica, nenhum apoio para que pudessem reestruturar suas famílias já na condição de homens livres e cidadãos plenos nesse país.  Sem qualquer assistência, expulsos das fazendas e após vagarem pelas estradas foram acabando na periferia das cidades, criando nossas primeiras favelas e vivendo de pequenos e esporádicos trabalhos, normalmente braçais, perpetuando a situação até os dias de hoje. 

 A escravidão e sua abolição, feita muito mais para os brancos que para os negros em si, formam duas das maiores máculas e injustiças que esse país já foi autor. Nossa dívida, enquanto nação, para com esse povo africano, que se abrasileirou e formou o Brasil é imensurável. Eles, que aqui vieram para ser o combustível consumível e descartável dos engenhos e fazendas, tornaram- se o cimento forte sobre o qual se sustenta o que hoje tão orgulhosamente chamamos de cultura brasileira.

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