segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lendas Brasileiras





É um Mito do Brasil que os índios já conheciam desde a época do descobrimento. Índios e Jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas.
É um anão de Cabelos Vermelhos com Pelo e Dentes verdes. Como protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir o os agressores da Natureza e o caçador que mate por prazer. É muito poderoso e forte.
Seus pés voltados para trás serve para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato, Curupira e Caapora. Para os Índios Guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um Porco do Mato.
Uma carta do Padre Anchieta datada de 1560, dizia: "Aqui há certos demônios, a que os índios chamam Curupira, que os atacam muitas vezes no mato, dando-lhes açoites e ferindo-os bastante". Os índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras e cobertores.
De acordo com a crença, ao entrar na mata, a pessoa deve levar um Rolo de Fumo para agradá-lo, no caso de cruzar com Ele.
Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga, etc.

Origem Provável: É oriundo da Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando da época do descobrimento, depois tornou-se comum em todo País, sendo junto com o Saci, os campeões de popularidade. Entre o Tupis-Guaranis, existia uma outra variedade de Caipora, chamada Anhanga, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Existem entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das américas Latina e Central. Em El Salvador, El Cipitío, é um espiríto tanto da floresta quanto urbano, que também tem as mesmos atibutos do Caipora. Ou seja pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc. Mas, este El Cipitío, gosta mesmo é de seduzir as mulheres.
Conforme a região, ele pode ser uma mulher de uma perna só que anda pulando, ou uma criança de um pé só, redondo, ou um homem gigante montado num porco do mato, e seguido por um cachorro chamado Papa-mel.

Também, dizem que ele tem o poder de ressuscitar animais mortos e que ele é o pai do moleque Saci Pererê.
Há uma versão que diz que o Caipora, como castigo, transforma os filhos e mulher do caçador mau, em caça, para que este os mate sem saber.

Boi Tatá
É um Monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase cego, à noite vê tudo. Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra. Para escapar ele entrou num buraco e lá ficou no escuro, assim, seus olhos cresceram.
Desde então anda pelos campos em busca de restos de animais. Algumas vezes, assume a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de sua cabeça e persegue os viajantes noturnos. Às vezes ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de "Cumadre Fulôzinha". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.
Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, vai tocando fogo nos campos. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios.
A ciência diz que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, e que visto de longe parecem grandes tochas em movimento.
 
Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata.

Origem Provável: É de origem Indígena. Em 1560, o Padre Anchieta já relatava a presença desse mito. Dizia que entre os índios era a mais temível assombração. Já os negros africanos, também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá.

É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas regiões por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Já em outras, ele é causador dos incêndios na mata. A versão do dilúvio teve origem no Rio Grande o Sul.

Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após o dilúvio, outra versão, conta que ele, procura restos de animais mortos e come apenas seus olhos, absorvendo a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual tem os olhos tão grandes e incandescentes.
 

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Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se transforma na besta.
Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, Mula-Sem-Cabeça, na verdade, de acordo com quem já a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro.
Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula,deve-se deitar de bruços no chão e esconder Unhas e Dentes para não ser atacado.
Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-Sem-Cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre
Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México),

Origem Provável: É um mito que já existia no Brasil colônia. Apesar de ser comum em todo Brasil, variando um pouco entre as regiões, é um mito muito forte entre Goiás e Mato Grosso. Mesmo assim não é exclusivo do Brasil, existindo versões muito semelhantes em alguns países Hispânicos.

Conforme a região, a forma de quebrar o encanto da Mula, pode variar. Há casos onde para evitar que sua amante pegue a maldição, o padre deve excomungá-la antes de celebrar a missa. Também, basta um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, o importante é que saia sangue, para que o encanto se quebre. Assim, a Mula se transforma outra vez em mulher e aparece completamente nua. Em Santa Catarina, para saber se uma mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em fita com o nome dela, e se o ovo cozer e a fita não queimar, ela é.

É importante notar que também, algumas vezes, o próprio Padre é que é amaldiçoado. Nesse caso ele vira um Padre-sem-Cabeça, e sai assustando as pessoas, ora a pé, ora montado em um cavalo do outro mundo. Há uma lenda Norte americana, O Cavaleiro sem Cabeça, que lembra muito esta variação.

Algumas vezes a Mula, pode ser um animal negro com a marca de uma cruz branca gravada no pelo. Pode ou não ter cabeça, mas o que se sabe de concreto é que a Mula, é mesmo uma amante de Padre. 

 

Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.
Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.

Origem: Européia com versões dos Indígenas, da Amazônia.

É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. Conta a lenda que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas que na verdade eram Cobras. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio. Lá no rio eles, como Cobras, se criaram. Honorato era Bom, mas sua irmã era muito perversa. Prejudicava os outros animais e também às pessoas.
Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades. Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.
Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, e fazer um ferimento na cabeça até sair sangue. Ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro.
Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato da maldição. Ele deixou de ser cobra d'água para viver na terra com sua família.

Origem: Mito da região Norte do Brasil, Pará e Amazonas.

Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.


A Lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.
É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.
Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em sem caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja.
Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.
Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Matimpererê, Matintaperera, etc.

Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas em Portugal há relatos de uma entidade semelhante. Este mito não existia no Brasil Colonial.

Entre os Tupinambás, uma ave chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.

Também de acordo com a região, ele sofre algumas modificações:
Por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos. Outros dizem que ele faz isso com uma moeda.
Há uma versão que diz que o Caipora, é seu Pai.
Dizem também que ele, na verdade eles, um bando de Sacis, costumam se reunir à noite para planejarem as travessuras que vão fazer.

Ele tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora como uma ave.
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O Negrinho do Pastoreio É uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.
Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. ‘‘Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece’’, disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.

Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.

O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum. Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que carrega um grande saco às costas.
Na verdade, ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus ajudantes em busca de suas vítimas. Os ajudantes por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as vítimas, todas crianças claro, tais como; distribuir presentes, doces, dinheiro, brinquedos ou comida. Eles agem em qualquer lugar público ou em portas de escolas, parques, ou mesmo locais desertos.

Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro Papa-Figo, um sujeito estranho, que sofre de uma doença rara e sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento anormal de suas orelhas.

Diz a lenda, que para aliviar os sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo, precisa se alimentar do Fígado de uma criança. Feito a extração do fígado, eles costumam deixar junto com a vítima, uma grande quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para compensar a família.

Origem: Mito muito comum em todo meio rural. Acredita-se que a intenção do conto era para alertar as crianças para o contato com estranhos, como no conto de Chapeuzinho Vermelho. 

NZINGHA RAINHA AMAZONA DE MATAMBA AFRICA OCIDENTAL ( 1582-1663)

 NZINGHA RAINHA AMAZONA DE MATAMBA AFRICA OCIDENTAL ( 1582-1663)
 Foi uma líder militar de relevo que lutou contra os Europeus que ferozmente caçavam escravos. Essa guerra durou mais de trinta anos. NZINGHA era de descendência Angolana e, tornou-se num símbolo de inspiração para pessoas em todo o mundo. A Rainha Nzingha é também conhecida por alguns como Jinga e por outros como Ginga. Ela pertencia ao grupo étnico Jagas, um grupo militar que fez frente aos comerciantes portugueses de escravos organizando-se num verdadeiro escudo humano. Como uma líder política visionária, competente e abnegada, ela devotou a sua vida inteiramente ao movimento da resistência. Aliou-se com outros potências estrangeiras, com o intuito de os pôr a guerrear uns com os outros, numa tentativa de libertar Angola da influência Europeia. Possuidora de uma rigidez máscula, e de uma grande elegância feminina, usou os dois atributos consoante as exigências da situação o exigiam. Quando necessário, chegou mesmo a usar a religião como ferramenta política. Após a sua morte, a 17 de Dezembro de 1663, as portas abriram-se para um comércio de escravos massivo pelos portugueses. Todavia, a sua rebelião, ajudou a que muitos despertassem para a realidade e a seguissem, sendo forçados a participar em ofensivas contra os invasores. Isto incluíu a Senhora Tinubu da Nigéria; Nandi , a mãe do grande guerreiro Zulu Chaka; Kaipkire de Herero povo no Sudueste Africano; e o exército feminino que seguiu o Rei do Daomé, Behanzin Bowelle.

A cor não importa, o que faz a diferença é ter consciência (Ingrid Costa)

Consciência Negra: para além da cor da pele...


“Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro...”

Gilberto Freyre,
Casa Grade e Senzala

Poesia Africana (Guiné-Bissau)

E O POETA FALOU
Odete Costa Semedo*

Falei da ambição
dos homens
era já dia
falei da paz
do grito de Angola
do homem sem rosto
da criança que virou velho

Falei do homem-bicho
outros falaram do bicho-homem
essa coisa sem cabeça
nem coração
outros e mais outros
falaram do mundo-cão
onde a ambição
fala mais alto que o coração

Clamei pelas crianças de Moçambique
vi-me nas ilhas sem nome
chorando a angústia alheia
enquanto isso
o bicho-homem
vestido de homem-bicho
caminhava para a minha moransa*

Esse homem sem cabeça
coração na planta dos pés
que a todos leva ao sepulcro
a sete pés
debaixo da terra
pisou o meu chão
calcou a minha gente
não precisava de um pelotão
apenas ter ambição nos olhos
ódio nas mãos
e tocar o bombolon** da morte

*Moransa - aglomerado de casas pertencente a uma família extensa
**Bombolon - instrumento de percussão

Do livro "No Fundo do Canto", publicado aqui no Brasil, 2007. Ed. Nandyala

*Maria Odete da Costa Soares Semedo (1959) nasceu em Bissau. Diplomada em Letras pela Universidade de Lisboa. É professora da escola de formação de professores em Bissau (Escola Normal Superior Tchico Té), e professora colaboradora da Universidade Colinas de Boé, também em Bissau. Foi Ministra da Educação Nacional e Presidente da Comissão Nacional para a UNESCO, Bissau. Investigadora Sênior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, INEP-Bissau, foi muito recentemente Ministra da Saúde em seu país. Possui diversos trabalhos publicados em várias antologias literárias, jornais e revistas da especialidade na Guiné-Bissau e no estrangeiro.
Doutoranda em Letras na PUC Minas, contam-se, entre as suas obras publicadas, "Entre o ser e o amar" (poesia, Bissau: INEP, 1996); "SONNÉÁ histórias e passadas que ouvi contar I" (contos, Bissau: INEP, 2000) e "DJÉNIA histórias e passadas que ouvi contar II" (contos, Bissau: INEP, 2000); "No Fundo do Canto" (poesia Viana do Castelo: Edição da Câmara Municipal de Viana do Castelo- Portugal, 2003). Este último foi também publicado aqui no Brasil, em 2007, pela editora Nandyala, Belo Horizonte.

Eu sou mulher negra!

Poesia Afro-Brasileira Contemporânea

RESGATEAlzira Rufino*

Sou negra ponto final
devolvo-me a identidade
rasgo a minha certidão
sou negra
sem reticências
sem vírgulas
sem ausências
sou negra balacobaco
sou negra noite cansaço
sou negra
ponto final



*Na 3ª. série do Ensino Fundamental, Alzira Rufino recebeu seu primeiro prêmio de redação. Aos 14 anos, escrevia textos infantis para peças encenadas na escola. Aos 18 anos, num concurso de redação para funcionários da Santa Casa de Santos, foi a primeira colocada e recebeu prêmio, em dinheiro, do Banco Francês que patrocinou a atividade.
Lançou, em 1986, o Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista.
Madrinha do Bloco Infantil Maria Infância com Crianças do Bairro do Mercado-Em 1987, criou o Coral Infantil Omó Oyá. Em 1988, criou o Grupo de Dança Afro Ajaína. Em 1990, fundou a Casa de Cultura da Mulher Negra.
Foi a primeira escritora negra a ter seu depoimento gravado no Museu de Literatura Mário de Andrade, em São Paulo, SP. Convidada da III Feira Internacional do Livro Feminista, realizada em 1988, no Canadá, onde participou de um painel internacional de escritoras negras e lançou o livro de poemas "Eu, mulher negra, resisto”, de sua autoria. Convidada da V Feira Internacional do Livro Feminista, na Holanda (l992) e da Feira do Livro em Paris (1993).
Profissional de saúde (enfermagem). Ativista e articulista do movimento negro e do movimento de mulheres. Coordena, desde 1990, um serviço de apoio jurídico ,e psicológico na Casa de Cultura da Mulher Negra, que atendeu, anualmente, cerca de 500 pessoas vítimas de violência racial, doméstica e sexual
Convidada de vários países como França, México, Canadá, Perú, Panamá. Equador, Chile, EUA, Inglaterra, Alemanha, India, Bélgica, África do Sul, Áustria, Itália e Holanda dando consultoria, capacitação, palestras sobre Violência Racial, Doméstica e Sexual, tendo um destaque na consultoria, avaliação e assessoria para Agências Internacionais em projetos de Casas Abrigo e Violência contra a Mulher na área rural em África do Sul nos anos de1997 e 1998. Editora da Revista Eparrei, criada em novembro de 2001, de periocidade semestral.
Publicações:
– Artigos em jornais da Baixada Santista, no Estado de SP e em revistas do Brasil, dos Estados Unidos, Canadá, Grã- Bretanha, Índia, França, Chile, Senegal e Holanda.
– Livros:
. Co-autora de Mulher negra tem história: Santos, SP; ed. Autora, 1987; O Livro da Saúde das Mulheres Negras. Jurema Werneck, Maisa Mendonça e Evelyn C. White (Org.) Pallas, 2000; Antologia “Finally us, publicação bilíngüe português/inglês”, com poetas negras do Brasil.
. Autora de: Mulher negra, uma perspectiva histórica: Santos, SP; ed. autora; 1987; Eu, mulher negra, resisto: Santos, SP; ed. ed. autora; 1987; Poesia: Muriquinho piquininho: Santos/SP; ed. Autora, 1989 (ficção para crianças); O poder muda de mãos não de cor: Santos, SP; ed. Autora, 1996; (estudo comparativo sobre a situação da mulher negra e da mulher branca na área de trabalho, educação e participação política), e Qual o quê! (ficção), ed. Autora.
Indicada ao Prêmio Mil Mulheres para o Nobel da Paz em 2005 Título de Cidadã Emérita da Cidade de Santos, Medalha de Mérito da Câmara Federal dos Deputados. Agraciada com cerca de 98 medalhas, Menção Honrosa e Diplomas incluse de Embaixadora da Cultura Negra pela OAB e PMDB-Santos Diploma de Mulher Negra Internacional pelo IBPN-Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Ribeirão Pires-Troféu Mulher Destaque da Igreja Batista-Igreja Adventista -Diploma da Intecab-Baixada Santisa-.Homenagens das Mulheres na Africa do Sul-Cabo Verde-Moçambique-Angola-Londres-Paris -Homenagem do Clube Soroptimista Internacional de Santos como Mulher Destaque - Área Direitos Humanos/Status da Mulher .
2008-Livro :Eu Mulher Negra Insisto e não Desisto-(No Prelo)
• Foi tema de tese de doutorado de Dawn Duke, do Department of Hispanic Languages and Literatures, University of Pittsburgh, USA: "Alzira Rufino’ s Casa de Cultura da Mulher Negra as a form of female empowerment: a look at the dynamics of a Black Women’s organization in Brazil today”, 2003.

" PALAVRÕES" - Trabalhar termos pejorativos na sala de aula: reflexão para valorizar e fortalecer as relações humanas.

Numa das turmas de ensino fundamental séries/anos Iniciais em que trabalhei, percebi o grande uso dos palavrões entre os alunos e isso estava trazendo a violência para a sala de aula, porque as crianças estavam se sentindo insultadas, levando-os a defensiva e consequentemente à defesa violenta. Num dia, parei tudo e tivemos uma conversa franca, expliquei a história dos palavrões, dando alguns significados, tirando dúvidas. Muitos não sabiam o que estavam dizendo. Falamos sobre o que acarretava xingar a mãe do outro; relacionar a cor de uma pessoa com algo pejorativo; ou porque deixava um colega tão triste ao ouvir de forma grosseira que tinha dificuldades para aprender recebendo nomenclaturas horripilantes, entre outros exemplos.

Foi muito difícil falar sobre esse assunto, porque também preocupei-me com os pais, que poderiam não compreender bem a proposta. Falar sobre algo velado, um tabu, é sempre muito difícil. Mas do jeito que a coisa ia... eu precisava tomar uma atitude como educadora. O resultado foi surpreendente, acabei por fazer um trabalho interdisciplinar (português, relações humanas/religião, ciências, história, temas transversais). Não ouvia mais palavrões na sala de aula e quando saia algum "sem querer", logo pediam desculpas, afinal é a força do hábito. A turma começou a se policiar e exigir respeito mútuo. Isso foi fantástico para mim! Que resultado! Isso tudo, a partir de um diálogo e que aparentemente, fugia do conteúdo programático, mas com toda certeza, não fugia  do contexto do currículo escolar.

Hoje, minha preocupação aumentou, pois ao observar a nova novela das nove, o palavrão estava correndo solto. Na sala de aula explico que devemos valorizar nossa língua e respeitar as pessoas; na televisão reforça tudo ao contrário. Fica realmente difícil!

Por isso, postei aqui, logo abaixo, um projeto muito legal de uma escola que trabalhou com essa questão. Eu não desenvolvi esse trabalho na minha sala de aula (desta forma), mas achei interessante deixar disponível como uma sugestão para iniciar um trabalho sobre esse tema. Espero que esta abordagem o leve a uma reflexão e a uma ação para que nos leve a diminuir a discriminação, valorizando e fortalecendo as relações humanas.



ESCOLA ESTADUAL AMÉRICA SARMENTO RIBEIRO
PROJETO DE INTERVENÇÃO
TEMA: PALAVRÃO – OBSCENIDADE OU CONTEÚDO ESCOLAR?



APRESENTAÇÃO

O uso de palavrões por alunos em nossa escola é um fato comum, o que nos alerta sobre a necessidade de fazer um estudo sobre os aspectos psíquicos e sociais que estão relacionados ao emprego do palavrão. Entendemos que o desafio não se trata apenas de trabalhar o significado das palavras. É necessário vencer o constrangimento e o preconceito ao discutir esse assunto, pois só assim as informações lingüísticas e sociolingüísticas terão uma compreensão mais profunda e diferenciada.


O palavrão é um fenômeno de linguagem revestido de tabu. Embora pertença à categoria gíria, desta se distingue porque tem caráter ofensivo, chulo, obsceno, agressivo e imoral. São formas inadequadas para a norma culta e mais comumente presentes na linguagem oral popular e coloquial.


O uso de palavrões nunca foi tão intenso e frenético como nos dias de hoje. Todavia, sabemos que seu emprego não é recente, há vocábulos que são conhecidos e usados há muito tempo, apenas o seu estudo de forma sistematizada que é recente. Esses estudos caracterizam o palavrão sob diferentes óticas, como sua semântica e etnologia, por exemplo. O palavrão por si só não basta para configurar a agressão verbal. Fatores como intencionalidade do ato de fala, entonação do enunciado proferido pelo falante, reação e interpretação do ouvinte são importantes para a identificação do palavrão. Veja, como exemplo, alguns trechos de música:


(....) Minha força não é bruta.
Não sou freira, não sou puta.
(Rita Lee)

Vai tomar no cú
Vai tomar no cú
Vai tomar no cú
Bem no meio do seu cú(Cris Nicolotti)
Marcelo, caralho
Enfia o pastelão no cú
Essa porra tá uma merda
Com esse copo de caju.
(Hermes e Renato)
.
Os palavrões são classificados em três categorias:
  • Pessoal: insulto com o objetivo de agredir o outro;
  • Ritual: insulto sem intenção de magoar o outro, mas com o propósito de chamar atenção para a pessoa e não para o significado do palavrão;
  • Solidário: insulto que marca proximidade entre indivíduos, tendo em vista que as expressões faciais e os gestos tanto do locutor quanto do receptor não deixam transparecer tenção durante o diálogo.
Embora a evolução da linguagem indique que o palavrão está sendo utilizado com mais permissividade em certos espaços sociais, ele ainda não é aceito e providências são tomadas para conter o seu uso. Ainda que se trate de textos ou obras escritas para adolescentes, os vocábulos vulgares são evitados, mantendo certa flexibilidade em relação a palavrões menos agressivo ou imoral. Os palavrões impossibilitam uma boa comunicação e enfraquece a capacidade argumentativa. Cabe à escola propiciar aos jovens um espaço para reflexão lingüística e prepará-los para momentos em que não poderão se comunicar de forma vulgar.


Podemos levantar algumas hipóteses sobre o que os professores sentem em relação ao palavrão em sala de aula, considerando que os vocábulos são chulos, obscenos e tabus.
  • Não se sentem confortáveis em tratar do palavrão na sala de aula;
  • Ignoram a presença do palavrão na sala de aula;
  • Não dão explicações sobre palavrão quando os alunos as solicitam;
  • Não reconhecem o palavrão como parte da língua;
  • Sentem-se impotentes diante do uso do palavrão em contextos onde não cabe a linguagem vulgar;
  • Sentem medo se abordar assuntos que geram polêmica.
Entendemos que a atuação dos professores para a solução de problemas em relação aos palavrões na escola é fundamental, tendo em vista que está ligado diretamente ao contexto social do aluno. A presença do palavrão na sala pode ser uma importante ferramenta para discutir os fatores sociolingüísticos que estão presentes na realidade dos alunos, afetando suas relações, valores e vivências. A escola tem obrigação de mostrar os outros caminhos que o aluno tem para se comunicar e os professores não devem se preocupar somente em abolir os palavrões, mas também incentivar a prática da norma culta, que ele irá utilizar no mercado de trabalho. Os alunos devem estar preparados para enfrentar esses desafios. Por mais que a escola acolha a linguagem que os educandos trazem de outros ambientes, ela é um ambiente educativo.


Este projeto foi desenvolvido mediante uma proposta apresentada pela coordenação da escola, que nos apresentou uma relação de temas voltada à sexualidade. Sendo assim, nosso foco será trabalhar os palavrões que envolvem a sexualidade e, ocasionalmente, palavrões que envolvem outros aspectos da linguagem cotidiana.
OBJETIVOS GERAIS:
  • Discutir o sentido ético da convivência humana nas suas relações com as várias dimensões da vida social;
  • Compreender a importância da linguagem sem ofensas e insultos nas relações sociais;
  • Adotar atitudes que vise resgatar valores como respeito e a tolerância, bem como valorizar o diálogo, a solidariedade e a justiça.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
  • Refletir sobre as maleficências dos vocábulos obscenos;
  • Relacionar os vocábulos aos seus significados de acordo com o contexto em que está inserido;
  • Reduzir o interesse pelos palavrões;
  • Reconhecer os palavrões (insulto) como um tipo de violência contra as pessoas;
  • Reconhecer atos de violência entre adolescentes;
  • Reconhecer a importância dos amigos, da esperança, do sorriso, do perdão, da tolerância e da coragem;
  • Expressar idéias, sentimentos, medos, opiniões;
  • Construir argumentações;
  • Opinar a partir de dados coletados, pesquisas;
  • Refletir sobre sua atitude em casa, na escola e em outros lugares;
  • Cooperar com os colegas;
  • Valorizar a linguagem;
  • Adotar atitudes de valorização das amizades;
  • Repudiar o preconceito e toda forma de violência;
METODOLOGIA
1. Primeiro momento: “Tempestades de idéias”
O professor motivará os alunos a apresentar uma definição para o termo palavrão. As respostas deverão ser escritas no quadro sem a necessidade de comentá-las
O professor distribuirá entre os alunos um texto que fala sobre o palavrão. Em seguida, eles deverão confrontar e discutir o texto com as informações escritas no quadro. O professor poderá pedir aos alunos que procurem no dicionário o significado das palavras que não entenderem.

Sugestão de textos

a) O que é palavrão?

Uma palavra de baixo calão, popularmente conhecida como palavrão, é um vocábulo que pertence à categoria de gíria e, dentro desta, apresenta cunho chulo, ofensivo, rude, obsceno, agressivo ou imoral sob o ponto-de-vista de algumas religiões ou estilos de vida. Palavras de baixo calão, ou simplesmente, palavrões, são formas inadequadas nanorma culta da língua portuguesa e geralmente usados de forma popularcoloquial, exceto por licença poética.
Do site Wikipédia

b) Palavrões: por que falamos?

Todos sabem o que são palavrões. Ao contrário das regras gramaticais, aprendemos palavrões e como usá-los sem precisar estudar e sem qualquer explicação. Mesmo crianças pequenas sabem que certas palavras são "feias", embora nem sempre saibam o significado delas. Mas palavrões não são tão simples como parecem ser. Nossos sentimentos a respeito disso são contraditórios: falar palavrões é um tabu em quase todas as culturas, mas em vez de evitá-los, como fazemos com outros tabus, nós os usamos freqüentemente. A maioria os associa à raiva ou frustração, mas eles são usados por vários motivos e em diversas situações. Imagine que você não pode se acertar com determinado oponente mais forte. O que faz, então? Chama um monte de palavrões antes de apanhar, literalmente muitas vezes! Xingar também satisfaz diversos objetivos em interações sociais. Além disso, seu cérebro lida com palavrões de forma diferente das outras palavras.
Daladier Lima
2. Segundo Momento:
O professor escreverá no quadro a palavra PALAVRÃO. Será distribuído aos alunos um pedaço de papel para que escrevam uma frase cujo tema é: “O que eu penso sobre o palavrão.” Todas as frases serão coladas em uma cartolina.
Nesta etapa, o professor deve conceituar palavrão e abordar temas como posturas, crenças, valores e tabus a ele associados. As categorias do palavrão (pessoal, insulto e solidário) também devem ser abordadas. Deve-se estar atentos para as eventuais dúvidas ou curiosidades.


3. Terceiro Momento: Coleta de dados
O professor entregará aos alunos um questionário de múltipla escolha.O questionário será elaborado de forma que o aluno reflita sobre como os palavrões o afetam individualmente e coletivamente.

Questionário 1: Grau de incidência do palavrão.
No seu dia a dia você escuta palavrões:
a) A todo instante
b) Com certa freqüência
c) Raramente
d) Nunca

Questionário 2: Local de maior incidência do palavrão.
O lugar em que você mais escuta palavrões é:
a) Na rua
b) Em casa
c) Na escola
d) Em casa de conhecidos

Questionário 3: Constatação da função do palavrão.
Geralmente o palavrão que você mais escuta é dito:
a) Por uma pessoa que xinga a si mesmo
b) Por alguém que xinga outra pessoa
c) Por alguém que xinga objetos e coisas que o cerca

Questionário 4: Constatação de quem mais pronuncia palavrão.
Quem você mais ouve falar palavrões?
a) Seus pais ou responsáveis
b) Alunos
c) Seus amigos
d) Desconhecidos que andam pelas ruas

Questionário 5: Significado do palavrão
Você já solicitou explicação sobre o significado de algum palavrão?
a) Sim, mas não fui atendido
b) Sim, e fui atendido
c) Não, nunca solicitei.
Após a coleta de informações, o professor criará com os alunos um gráfico contendo as respostas em forma de porcentagem. Em seguida, discutirá com os alunos os resultados apresentados, instigando-os para que eles se expressem sobre o mesmo, expondo suas opiniões e como encaram os dados obtidos. O gráfico poderá ser colocado ao lado do cartaz com as frases dos alunos.
4. Quarto Momento: “O Valor do perdão”
O professor conversará com os alunos sobre o perdão, a humildade que devemos ter em perdoar e pedir perdão. Ressaltar que o perdão é sinal de humildade e não de humilhação, e só as pessoas humildes são capazes de usar o perdão. Através da humildade conseguimos trazer para nós os amigos, fazemos as pessoas estarem perto de nós porque sentem prazer na nossa companhia, da nossa conversa. Com a humildade aprendemos a ouvir, a falar na hora certa sem ofender.


O ato de perdoar não está no simples fato de dizer “eu te perdôo”. O perdão é o esquecimento das ofensas, é não deixar as energias negativas que nos motivavam a vingança tomarem a nossa consciência induzindo-nos a praticar algo contra o ofensor. O perdão é, de consciência tranqüila, ignorar as falhas da pessoa que nos ofendeu ou magoou. Todos nós somos imperfeitos e cometemos falhas. Saber perdoar ou pedir perdão ou desculpas pelos nossos erros nos tornam pessoas mais preparadas para conviver em harmonia, pois ninguém gosta de relacionar-se com pessoas arrogantes e que não sabem reconhecer os seus erros.


É importante lembrar que o ódio, a raiva ou a vingança geram conseqüências para ambos os lados. Quem não sabe pedir perdão viverá num ciclo vicioso, uma vez que cometerá outras ofensas, que gerarão outras e assim por diante. Quem não sabe perdoar, esquecer as ofensas, também é prejudicado, porque vai carregar a mágoa e o rancor dentro de si, trazendo conseqüências à saúde mental, física e espiritual, inclusive doenças.


Na sala de vídeo, o professor exibirá alguns vídeos que falam sobre o perdão e o amor ao próximo. Se músicas forem trabalhadas, deve-se distribuir a letra da música para que os alunos possam ouvir, acompanhar ou até mesmo cantar.


O professor pedirá que os alunos façam uma reflexão sobre seus atos, momentos em que ofenderam colegas e amigos através de palavrões, agressões físicas ou verbais. Cada aluno escreverá um bilhete com pedido de desculpas ou reconciliação a alguma pessoa com a qual se desentendeu. Pode ser alguém da turma, de outra sala, um professor ou funcionário da escola. Junto ao bilhete será anexado um bombom. A resposta do destinatário não deverá ser por escrito e sim, através de um abraço ou aperto de mão, num momento de confraternização para finalizar este quarto momento.
5. Quinto Momento:
O professor motivará os alunos a montar uma dramatização que retrate o que aprenderam sobre o projeto. Os alunos deverão montar com a orientação do professor o roteiro da dramatização, a fala de cada componente e o cenário da apresentação. Este momento terá duas etapas: a elaboração do roteiro e a apresentação da peça, por isso, será o momento mais demorado, mas que poderá ser mais prazeroso que os outros. Para a apresentação, serão elaborados convites à equipe administrativa e pedagógica, professores e alunos de outras turmas.


AVALIAÇÃO:

A avaliação deve ser ampla, contínua e coerente com os objetivos propostos nas aulas. Ela abrange muito mais que “medir”. É a percepção do aluno em todos os seus aspectos, tais como, desenvolvimento de atitudes, aquisição de conceitos e domínio de procedimentos.
CONCLUSÃO
Se o estudo do palavrão é considerado pelos sócios-lingüistas como um trabalho de difícil realização, para os professores, o palavrão como conteúdo escolar não poderia ser diferente. O tabu e a estreita relação com a obscenidade fazem do palavrão um conteúdo a ser evitado no ensino de línguas. O professor que conseguir explicar aos seus alunos a função lingüística do palavrão é porque tem coragem suficiente para superar preconceitos e tem condições para convencer pais e outros profissionais da escola de quão importante é receber orientação para o uso adequado da linguagem.


Tendo em vista que o projeto tem como prioridade intervir sobre o uso de palavrões por alunos, será interessante verificar se essa maneira de se expressar tem sua origem no ambiente familiar. Em outras palavras, será que os alunos falam palavrões na escola porque eles os ouvem em casa? Por outro lado, a escola precisa agir e para isso deve contar com todos para frear o uso de palavrões entre os jovens, uma vez que parte da violência dentro da escola pode ter sua origem no palavrão, quando pronunciado para ofender o outro. Fazer um trabalho com os alunos para transformar a sala de aula em espaço livre de palavrões, poderia ser o início do trabalho de mais cuidado com a linguagem utilizada na escola.

A atratividade da carreira docente

A atratividade da carreira docente

Francisca Romana Giacometti Paris*

O Ministério da Educação apresentou um projeto estabelecendo os objetivos da educação para a próxima década (2011-2020). O texto traz várias metas que pretendem alterar a realidade das escolas no sentido de qualificar o atendimento, principalmente no ensino básico. Todas as metas poderão ser atingidas desde que haja políticas públicas consistentes, continuidade dessas políticas e investimento na formação e valorização do quadro de professores.
O objetivo de assegurar a todas as crianças e jovens o ensino básico e permitir que cada um conclua o processo de escolarização básica pode continuar sacrificando a qualidade em função da quantidade.
Todavia, sabemos que a realidade da escola poderá ser mudada se, sobretudo, as metas propostas estiverem apoiadas na confiança, na ação e no empenho dos professores. Isto significa que, se os professores não acreditarem na força e na seriedade das políticas educacionais e não as efetivarem no contexto das escolas, o Plano Nacional de Educação será apenas mais um plano bem-intencionado, porém ineficaz. Deve existir um projeto social e político que aponte, por meio de ações concretas, o desejo de se transformarem significativamente as metodologias e os conceitos que hoje determinam os fazeres escolares.
Ninguém ignora que é a intervenção pedagógica adequada dos educadores que faz quase toda a diferença na escola. Todos defendem que a atividade docente está cada vez mais complexa e exigente; no entanto, também é consensual a ideia de que a carreira docente com um estatuto social decadente, uma formação fragilizada e uma remuneração baixa não atrai à profissão os estudantes mais qualificados nem anima os melhores profissionais a manter-se nas escolas públicas.
Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo, e as autoridades educacionais buscamos uma escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tornarmos a carreira docente um pouco mais atraente.
É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivos e sentido no magistério. Uma profissão que não atrai os “bons” com certeza será ocupada por aqueles que, do ponto de vista profissional, não tiveram opções melhores. Assim sendo, estaremos encaminhando pessoas desmotivadas à carreira docente, sem empenho e, sobretudo, que não acreditam que podem. Por isso mesmo, elas provavelmente não farão a diferença, posto que não “escolheram”, mas foram social e economicamente “escolhidas” para serem professores.
Para inverter o “desprestígio” da carreira de professor é imperativo que se efetivem medidas claras de formação continuada dos docentes e, ao mesmo tempo, se definam com clareza novas condições para o exercício da profissão. O PNE 2011-2020 aparece em hora propícia e deseja o desenho de um novo projeto social para a escola pública. Todavia, o primeiro e mais importante passo para tal empreitada é devolver a decência à docência.

*Diretora pedagógica do Agora Sistema de Ensino (www.souagora.com.br) e do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), pedagoga, mestre em Educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP)
Texto do Jornal Agora - 31/01/2011