domingo, 13 de fevereiro de 2011

Calendário Afro-brasileiro

JANEIRO
01 - Dia Mundial da Paz
01 - Independência do Haiti /1804
02 - Fundação da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, em São Paulo, SP /1771
03 - Fundação da União dos Homens de Cor de Porto Alegre, RS / 1943
06 - Circula pela primeira vez o jornal O Clarim da Alvorada, organizado por José Correia Leite e Jayme de Aguiar/ 1924
06 - Nascimento de Juliano Moreira, médico psiquiatra considerado pai da psIquiatria brasileira, em Salvador, BA / 1873
08 - Fundado o Congresso Nacional Africano - CNA - África do Sul /1913
15 - Nasce Martin Luther King Jr. / 1929
15 - O governo baiano suprime a exigência de registro especial para templos de ritos afro-brasileiros
20 - Assassinado pela polícia portuguesa Amílcar Cabral, poeta revolucionário, lutador pela liberdade da Guiné e Cabo Verde
24 - Revolta dos Malês, na Bahia /1835
26 - Nasce Angela Davis, EUA
29 - Morre José do Patrocínio, o "Tigre da Abolição" , jornalista negro e ativista da causa abolicionista
31 - Nascimento, em 1582, de Nzinga, rainha de Angola de 1633 a 1663


FEVEREIRO
01 - Nascimento, em Minas Gerais, da antropóloga e filósofa Lélia Gonzalez, intelectual e militante / 1935
02 - Dia de Iemanjá
06 - Nasce o cantor e compositor Bob Marley / 1945
07 - Nascimento de Clementina de Jesus da Silva, Valença/RJ /1902
09 - Nasce a escritora Alice Walker, na Geórgia, EUA / 1944
11 - Libertado Nelson Mandela, depois de 27 anos de prisão, na África do Sul /1990
12 - Nascimento de Arlindo Veiga dos Santos, acadêmico e primeiro Presidente da Frente Negra Brasileira (ver 16/9) / 1902
12 - Admitido o primeiro universitário negro na Universidade de Alabama - EUA /1956
13 - Assassinato de Patrice Lumumba - Congo /1961
14 - Morre a escritora Carolina Maria de Jesus, autora, dentre outros livros, de Quarto de Despejo
18 - Morre o poeta, compositor, ator e teatrólogo Solano Trindade / 1974
19 - W.E.B. Dubois organiza o Primeiro Congresso Pan-africano em Paris / 1919
19 - Carter G. Woodson cria, nos EUA, a "Negro History Week", atualmente o "Black History Month" (Mês da História Negra) / 1926
21 - Morre assassinado Malcom X / 1965
23 - Nasce William Edward Burghardt Dubois, doutor em Filosofia e pai do pan-africanismo contemporâneo

26 - As potências européias repartem o continente africano /1885
28 - Criação do Quilombhoje Literatura / 1980


MARÇO
02 - Ocorre o primeiro carnaval de escolas de samba do Rio de Janeiro, RJ / 1935
04 - Morreu o poeta Lino Guedes, em São Paulo, SP / 1951
06 - Gana é o primeiro país da África Negra a tornar-se independente/1957
06 - Abolição da escravatura no Equador / 1854
07 - Grande Marcha pelos direitos civis, de Selma à Montgomery, liderada por Martin Luther King, Jr. / 1963
08 - Dia Internacional da Mulher
14 - Nasce Abdias do Nascimento, ex-senador, criador do teatro Experimental do Negro (ver 13/10) / 1914
14 - Morte do franciscano negro Santo Antonio de Categeró / 1549
21 - Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória das vítimas do massacre de Shapeville, na África do Sul / 1960
21 - Zumbi dos Palmares é incluído na galeria dos heróis nacionais / 1997
21 - Independência da Etiópia / 1975
21 - Independência da Namíbia / 1990
22 - Abolição da escravatura em Porto Rico / 1873
25 - Nascimento de Aristides Barbosa, jornalista, educador e ex-militante da Frente Negra / 1920
30 - Os homens afro-americanos conquistam direito de voto nos EUA / 1870


ABRIL
01 - Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, Dakar, Senegal / 1966
01 - Criação do Partido dos Panteras Negras, EUA / 1967
04 - Assassinato de Martin Luther King Jr., Memphis, EUA /1968
04 - Criação do bloco afro Agbara Dudu, Rio de Janeiro, RJ / 1982
04 - Independência do Senegal / 1960
05 - Nasce o grande capoeirista Vicente Ferreira Pastinha, "Mestre Pastinha" / 1888
05 - Nasce o compositor Joaquim Maria dos Santos, Donga, autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado
07 - Dia da Mulher Moçambicana
12 - Nasce Esmeraldo Tarquínio, deputado estadual e prefeito de Santos / 1927
15 - Nasce o compositor do Hino à Bandeira, o negro Antônio Francisco Braga / 1868
19 - Independência de Serra Leoa / 1961
19 - Dia do Índio
23 - Nascimento de Pixinguinha, músico / 1898
25 - O Bloco Afro Olodum é criado em Salvador, BA /1979
26 - Nasce Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de governadora / 1942
26 - Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994
27 - Independência do Togo


MAIO
01 - Dia Mundial do Trabalhador
03 - Nascimento do geógrafo Milton Santos, que revolucionou a Geografia, dando-lhe um enfoque humanista
13 - Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo
13 - Nascimento do escritor pré-modernista Lima Barreto / 1881
13 - Dia dos Pretos Velhos
13 - Abolição da escravatura no Brasil / 1888
18 - Criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras, no Rio de Janeiro / 1950
23 - Nascimento do poeta Carlos de Assumpção, autor do célebre poema Protesto
25 - Criação da Organização da Unidade Africana - OUA / 1963
25 - Dia da Libertação da África, promovido pela ONU / 1972


JUNHO
05 - Dia de Solidariedade ao Povo Moçambicano
06 - Morre o jamaicano Marcus Garvey, mentor do Pan-africanismo / 1940
21 - Nascimento de Luís Gama - jornalista, poeta e um dos gigantes da causa abolicionista / 1830
21 - Nascimento de Machado de Assis / 1839
24 - Nascimento de João Cândido, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata
25 - Independência de Moçambique, África / 1975
26 - Independência da Somália / 1960

30 - Independência do Zaire, África/ 1960


JULHO
01 - Independência de Ruanda, África / 1960
01 - Independência de Burundi, África / 1962
02 - Nascimento de Franz Fanon, médico psiquiatra e revolucionário / 1921
02 - Nascimento de Patrice Lumumba / 1925
03 - Aprovada a Lei Afonso Arinos, colocando a discriminação racial como contravenção penal / 1951
03 - Independência da Argélia, África / 1962
05 - Independência de Cabo Verde / 1975
07 - Leitura, em frente ao Teatro Municipal, de carta aberta à nação contra o racismo, inaugurando o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (depois MNU) / 1978
08 - Fundação do Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN), Rio de Janeiro / 1975
12 - Independência de São Tomé e Príncipe / 1975
15 - Ocorre a primeira Conferência sobre a Mulher Negra nas Américas, Equador / 1984
17 - O ator Grande Otelo recebe o título de Cidadão Paulistano / 1978
18 - Nascimento do líder sul-africano Nelson Mandela / 1918
24 - Nascimento do poeta Solano Trindade, em Pernambuco / 1908
25 - Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha 
26 - Independência da Libéria, África/ 1846

AGOSTO
01 - Independência do Benin, África/ 1975
03 - Independência do Níger, África / 1960
07 - Independência da Jamaica / 1962
07 - Independência da Costa do Marfim / 1960
08 - Em Lagos (atual Nigéria) é registrado o primeiro ato de escravidão, por Portugal / 1444
10 - Morre o padre Batista, um dos fundadores do Instituto do Negro e dos Agentes de Pastoral Negros / 1991
12 - É publicado o manifesto dos conjurados baianos da Revolta dos Alfaiates, protestando contra os impostos, a escravidão dos negros e exigindo independência e liberdade / 1798
14 - Morre a Ialorixá Mãe Menininha do Gantois / 1986
15 - Independência do Congo, África / 1960
17 - Nascimento do pan-africanista Marcus Garvey / 1887
19 - Independência do Gabão / 1960
23 - Nascimento de José Correia Leite, fundador do jornal O Clarim da Alvorada / 1900
24 - Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas, na Colômbia / 1977
24 - Morte do abolicionista Luís Gama / 1882
28 - Primeira Marcha de Negros sobre Washington, em favor dos direitos civis, EUA / 1963
29 - Nascimento de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto


SETEMBRO
04 - Promulgação da lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil / 1850
07 - Criação do Grupo União e Consciência Negra do Brasil / 1981
10 - Morte do líder angolano Agostinho Neto / 1979
11 - Independência do Senegal, África / 1960
14 - É fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro da imprensa negra brasileira / 1833
16 - Fundação da Frente Negra Brasileira, maior entidade da primeira metade do século, primeiro partido político de afro-descendentes/ 1931
18 - Circula o primeiro número do jornal A Voz da Raça, jornal da Frente Negra / 1933
18 - Decreto do Presidente Getúlio Vargas diz que o Brasil precisa desenvolver, em relação à imigração, "as características mais convenientes de sua ascendência européia"
21 - Independência do Mali / 1960
22 - Libertação jurídica dos escravos nos EUA / 1862
22 - Independência do Mali, África / 1960
24 - Independência da Guiné-Bissau, África / 1973
27 - Dia dos Idosos
28 - Aprovada a Lei do Ventre Livre / 1871
28 - Assinada a Lei do Sexagenário / 1885


OUTUBRO
01 - Independência da Nigéria, África / 1960
01 - Fundação, na PUC, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - NEAFRO
02 - Independência da Guiné, África / 1958
07 - Dia de Nossa Senhora do Rosário, patrona dos negros
09 - Nascimento, em São Paulo, do poeta, ensaísta e crítico Mário de Andrade, de ascendência afro nem sempre lembrada / 1893
10 - Morre Francisco Lucrécio, Secretário da Frente Negra Brasileira, em São Paulo / 2001
11 - Nascimento do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o Cartola / 1908
12 - Começa a devoção a Nossa Senhora Aparecida, quilombola negra, padroeira do Brasil, a partir de 1717
13 - É fundado o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro / 1944
14 - Martin Luther King Jr. recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1964
16 - O arcebispo Desmond Tutu recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1984
16 - Wole Soyinka torna-se o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura / 1986

24 - Nascimento de Esmeralda Ribeiro, poeta e uma das coordenadoras do Quilombhoje / 1958
24 - Nascimento do poeta e jornalista Oswaldo de Camargo, co -fundador do Quilombhoje / 1936
26 - Dia Nacional da Juventude
31 - Nascimento de Luiz Silva - Cuti, poeta, dramaturgo e co-fundador do Quilombhoje / 1951


NOVEMBRO
01 - É criado o Bloco Afro Ilê Ayiê, Salvador, BA/ 1974
01 - Morte do escritor Lima Barreto / 1922
04 - O MNU declara o 20 de novembro Dia Nacional da Consciência Negra / 1978
10 - O governo Médici proíbe em toda a imprensa notícias sobre índios, esquadrão da morte, guerrilha, movimento negro e discriminação racial / 1969
11 - Independência de Angola / 1975
11 - Independência do Zimbabwe /1980
19 - Nascimento de Paulo Lauro - primeiro prefeito negro de São Paulo, SP / 1907
19 - Publicação de despacho de Rui Barbosa ordenando a queima de livros e documentos referentes à escravidão negra no Brasil
19 - Lançamento do primeiro volume de Cadernos Negros /1978
20 - Morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares /1695
20 - Dia Nacional da Consciência Negra
20 - O grupo gaúcho Palmares declara o 20 como Dia do Negro / 1975
24 - Nascimento, em Santa Catarina, de Cruz e Souza, o maior poeta simbolista brasileiro / 1861


DEZEMBRO
02 - Dia Nacional do Samba
02 - Nascimento de mestre Didi, em Salvador, BA
02 - Nascimento de Francisco de Paula Brito, primeiro editor brasileiro, em Magé, RJ / 1809
05 - A Constituição proíbe negros e leprosos de frequentar escolas no Brasil / 1824
08 - Dia de Oxum
10 - Comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos
12 - Independência do Quênia / 1963
20 - A lei 7437 condena o tratamento discriminatório no mercado de trabalho, por motivo de raça ou de cor
29 - Nascimento, no Senegal, do Cheik Anta Diop, autor de um trabalho de revisão da história africana


Fontes:
- Agenda Afro-Brasileira 1997. Org.: Acácio S. Almeida / Lucilene Reginaldo
- Calendário Beleza Negra. Org.: Greni. Grupo de reflexão sobre a vida religiosa, negra e indígena / CRB. Rio de Janeiro: Vozes 1998
- Memória Afro-brasileira. Calendário 2002 do Conselho de Part. e Des. da Com. Negra de S. Paulo.


Dia 20 de novembro - Dia da Consciência Negra

A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.
A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares.
Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.

Poesias

Do povo buscamos a força
"Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.


Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.


Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.


Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.


Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos
lutar pra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.


Lutar pra quê?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?


Na mesma barca nos encontramos.
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!


Mantivemo-nos firmes: no povo
buscáramos a força
e a razão.


Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O Povo tomou a direção da barca.


Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós."
do poeta angolano AGOSTINHO NETO
Encontrei minhas origens
Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros


Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas


Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros


Encontrei
Em doces palavras
Cantos
Em furiosos tambores
Ritos


Encontrei minhas origens
Na cor de minha pele
Nos lanhos de minha alma
Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos


Encontrei
Encontrei-as enfim
Me encontrei


Oliveira Silveira
Oliveira Silveira
Escravidão
Ouve meu canto
De dor e de pranto,
De sofrimento,
De desencanto,
Ouve meu grito
De liberdade;
Viva a vida!
Chega a maldade.
Felicidade
Onde estás?
Ser livre é o que eu quero,
Todo dia espero
A liberdade chegar.
Meu canto cansado,
Há muito tempo abafado,
Começa a soar
E num grito, Num hino,
Eu digo e repito
Com a voz do coração:
Acabe, em nome de Deus,
Com a maldita ESCRAVIDÃO.
Autor: Carlos Benevenuto Padilha




Ser negra e bela!

MAQUIAGEM PARA PELE NEGRA, as mulheres negras e morenas têm sido alvo de novos olhares. Os observadores em questão são a indústria e o mercado de cosméticos.
Nos últimos anos, novos produtos foram lançados, voltados para as diferentes características de cada tipo de pele. “Hoje em dia há uma série de tons para se maquiar uma mulher negra”, conta o maquiador Alê de Souza.
“Antigamente havia um problema grande com maquiagens para pele negra. Quando se usava base e pó, a pele ficava cinzenta, ou até muito preta. Os produtos não eram adequados para esse tipo de pele”, continuou o profissional.
Segundo dados do IBGE, os negros e pardos no Brasil representam 47% da população, aproximadamente, tornando-se um ótimo mercado para as empresas do setor. “A preocupação com esse mercado é de três, quatro anos para cá. Eles perceberam que precisavam olhar para esse público”.


MARROM COMO A PELE
SOMBRA
OLHO
LÁBIOS
ROSTO
PELE, o desafio da maquiagem é fazer a pele parecer perfeita. Para conseguir este efeito, primeiro aplique o corretivo, traçando uma linha com a ponta do dedo, que começa na testa, passa pela parte de cima do nariz, desce pela boca e chega até o queixo. Em seguida, com uma esponja, aplique uma base de tom mais escuro na têmporas e, depois, sob as maçãs do rosto, na parte de baixo do queixo e no pescoço. Com resíduos de base dessa mesma esponja, uniformize o tom da pele, fundindo delicadamente a base com o corretivo, sempre de fora para dentro. Finalize com um leve toque de blush, em tom terra-claro ou rosa-mate sem brilho, aplicado delicadamente com uma esponja, em movimentos circulares, do meio das maçãs em direção às temporas.
SOMBRA, contorne todo o olho com um lápis marrom, fazendo um traço junto à raiz dos cílios, passando pelos cantos externos e subindo em direção às sobrancelhas. Em seguida, usando um pincel-esponja, aplique uma sombra marrom mais escura, esfumaçando bem o traço do lápis. Agora, com um pincel de cerdas macias, aplique a mesma sombra, acentuando a pintura no centro da pálpebra. Ilumine a raiz das sobrancelhas passando um lápis dourado, do meio para as pontas externas.
OLHO, para aplicar o delineador sem borrar, o truque é tirar o pincel da embalagem, remover o excesso de produto em um lenço de papel e só então fazer o traço, começando do canto interno para o externo. Depois, molhe novamente o pincel, retire o excesso e faça um traço bem fino, dos cantos externos em direção às sobrancelhas. Aplique, em seguida, três camadas de máscara à prova d´água nos cílios superiores e uma nos inferiores. O toque final fica com o glitter (pode ser brilho ou purpurina dourada), que deve ser aplicado com um pincel abaixo do contorno inferior dos olhos, do meio para fora.
BOCA, quando o olho é forte, a boca pode ser bem delicada, transparente. Com a ponta dos dedos, aplique um batom que tenha o mesmo tom da boca e, em seguida, passe duas camada de gloss ou brilho transparente.
OLEOSIDADE E MAÇA DO ROSTO, quando o assunto é o controle da oleosidade, a dica é simplesmente a aplicação de pó compacto no rosto, para eliminar o brilho. Se a intenção é diminuir o volume da bochechas, passe blush marrom com um pincel grande, fazendo um traço desde a altura da orelha em direção ao nariz, cobrindo a maçã do rosto. O resultado será uma face mais fina e alongada. Para criar o efeito de diva, finalize com um batom de cor mais forte. Os olhos ficarão mais valorizados se forem pintados com sombra marrom e finalizados com um tom dourado. Arremate com cílios postiços e uma generosa camada de rimel.

CUIDADOS
Cuidados Especiais
Todas as mulheres, negras e morenas também precisam ter cuidados especiais com a pele. Mas de acordo com suas próprias características.
“A pele negra tem algumas características exclusivas dela. Ela é mais espessa, tem mais melanina, com maior proteção solar, e tem uma grande oleosidade, o que provoca uma tendência à acne”, explica o dermatologista Otávio Roberti Macedo.
O medo da acne, inclusive, aparece na publicitária Erediana. “Cuido da pele em casa. Uso um sabonete para cravos e espinhas, lavo de manhã e à noite. E mando fazer um creme para o rosto”, conta.
Dr. Macedo dá mais dicas para evitar o problema. “A maquiagem precisa ser mais leve, com uma textura principalmente mais leve. E os tons e os pigmentos precisam ser de maneira específica para esse tipo de pele”, continua Dr. Macedo.
Para Alê de Souza, os próprios produtos para maquiagem usados atualmente ajudam a cuidar da pele. “Hoje em dia, as bases, os pós, são praticamente um tratamento de beleza, todos enriquecidos com vitaminas, etc”.
Mas, além da acne, Erediana conta outro de seus principais receios com a pele. “A gente tem uma pele bem firme. Mas ela é bem sensível e resseca com mais facilidade”, revela.
Dr. Macedo confirma o problema e dá uma dica especial de cuidado. “Principalmente a pele do corpo da mulher negra corre um risco maior de ressecamento. Por isso o banho não pode ser muito quente e demorado”, explica.
O dermatologista termina lembrando que os cuidados com a pele também devem existir de dentro para fora. “O que você come, se fuma ou não, sua saúde em geral, tem implicação na sua pele”.
Fonte: Agência MBPress / Fotos Revista Raça Brasil

Sugestões e sinopses de filmes e livros - Cultura Afro

Fonte: www.culturanegra.com.br


FILMES
SINOPSE: AMISTAD
Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos.
SINOPSE: A FAMILIA DA NOIVA
Percy Jones (Bernie Mac) é um chefe de família que se orgulha de estar sempre certo em relação a sua família. Ele está prestes a conhecer Simon Green (Ashton Kutcher), o novo namorado de sua filha Theresa (Zoe Saldana). Temeroso, já que acredita que não exista homem bom o suficiente para sua filha, Percy encomenda uma investigação de crédito de Simon. O resultado o tranquiliza, já que Simon é um bem sucedido corretor de ações, com Percy acreditando que ele seja um ótimo pretendente para Theresa. Porém o que ele não contava era que Simon fosse branco. Surpreso com a situação, Percy começa a questionar Simon sobre sua vida e suas origens. Mas o que Percy não sabe é que Simon já pediu Theresa em casamento e que o casal pretende anunciar o noivado na festa de bodas de prata do casamento dos pais dela.
SINOPSE: A ÚLTIMA CEIA.
Hank Grotowski (Billy Bob Thornton) e seu filho Sonny (Heath Ledger) trabalham juntos em uma prisão localizada no sul dos Estados Unidos. Hank é extremamente racista e precisa lidar com este sentimento todos os dias, devido à presença de negros na prisão. Um deles, Lawrence Musgrove (Sean "Puffy" Combs), recebe periodicamente a visita de sua esposa Leticia (Halle Berry). Após ser condenado à morte, Leticia segue sua vida juntamente com seu filho Tyrell. Porém, duas tragédias acabam fazendo com que as vidas de Leticia e Hank se cruzem.
SINOPSE: AS FILHAS DO VENTO
História lírica de redenção amorosa entre irmãs, mães e filhas, este filme reúne o maior elenco negro da história do cinema brasileiro. A ação se passa em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde os fantasmas da escravidão e do racismo acentuam os dra-mas das personagens de forma sutil e poderosa. A trama está centrada na trajetória de duas irmãs: uma delas, ainda jovem, partiu para tentar a carreira de atriz na cidade grande; a outra ficou para cuidar do pai. Anos mais tarde, vão se reencontrar. Vencedor de seis troféus no Festival de Gramado de 2004, incluindo melhor diretor, atriz (Léa Garcia e Ruth de Souza), ator (Milton Gonçalves), atriz coadjuvante (Thalma de Freitas e Taís Araújo), ator coadjuvante (Rocco Pitanga) e o prêmio da crítica.
SINOPSE: DUELO DE TITÃS
Herman Boone (Denzel Washington) é um técnico de futebol americano contratado para trabalhar no comando de um time universitário dividido pelo racismo, os Titans. Inicialmente, Boone sofre preconceitos raciais por parte dos demais técnicos e até mesmo de jogadores do seu time, mas aos poucos ele conquista o respeito de todos e torna-se um grande exemplo para o time e também para a pequena cidade em que vive.
SINOPSE: HOMEM DE HONRA
Carl Brashear (Cuba Gooding Jr.) veio de uma humilde família negra, que vivia em uma área rural em Sonora, Kentucky. Ainda garoto, no início dos anos 40, já adorava mergulhar, sendo que quando jovem se alistou na Marinha esperando se tornar um mergulhador. Inicialmente Carl trabalha como cozinheiro que era uma das poucas tarefas permitidas a um negro na época. Quando resolve mergulhar no mar em uma sexta-feira acaba sendo preso, pois os negros só podiam nadar na terça-feira, mas sua rapidez ao nadar é vista por todos e assim se torna um "nadador de resgate", por iniciativa do capitão Pullman (Powers Boothe). Quando Brashear solicita a escola de mergulhadores encontra o comandante Billy Sunday (Robert De Niro), um instrutor de mergulho áspero e tirânico que tem absoluto poder sobre suas decisões. No princípio Sunday faz muito pouco para encorajar as ambições de Brashear e o aspirante a mergulhador descobre que o racismo no exército é um fato quando os outros aspirantes brancos - exceto Snowhill (Michael Rapaport), que por isto foi perseguido por Sunday - se negam a compartilhar um alojamento com um negro. Mas a coragem e determinação de Brashear impressionam Sunday e os dois se tornam amigos quando Brashear tem de lutar contra o preconceito e a burocracia militar, que quer acabar com seus sonhos de se tornar comandante e reformá-lo.
SINOPSE: HOTEL HUANDA


O longa retrata a história verídica do massacre, talvez o mais sanguinário da história, acontecido em 1994 em Huanda, África do Sul, que matou quase toda a população local com somente o uso de facões.
Elenco:   Xolani Mali, Don Cheadle, Desmond Dube, Hakeem Kae-Kazim
Direção:   Terry George 
SINOPSE: HURRICANE.
Denzel Washington volta às telas numa atuação arrebatadora ao contar a história de Rubin "Hurricane" Carter, famoso boxeador americano que foi preso por 20 anos por um crime que não cometeu. Recebeu uma indicação ao Oscar. 
SINOPSE: MALCOM X
O diretor Spike Lee (O Verão de Sam) leva às telas a cinebiografia de Malcolm X, um dos maiores defensores dos desejos dos negros nos Estados Unidos. Com Denzel Washington, Angela Bassett e Delroy Lindo no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar
SINOPSE: MEU NOME É RÁDIO.
Harold Jones (Ed Harris) é um técnico de futebol americano que desenvolve uma amizade com Radio (Cuba Gooding Jr.), um estudante do colegial que é deficiente mental. A amizade dos dois cresce com o passar dos anos, com Jones acompanhando a transformação de Radio de um jovem tímido para a inspiração da comunidade em que vive.
SINOPSE: TEMPO DE GLÓRIA
Durante a Guerra Civil é dado para um jovem sem experiência (Matthew Broderick), mas de uma influente família, o comando do primeiro batalhão composto exclusivamente por soldados negros.
SINOPSE: VOLTANDO A VIVER
Antwone Fisher (Derek Luke) é um jovem marinheiro de temperamento explosivo, que constantemente arruma confusão na Marinha. Enviado ao psiquiatra Jerome Davenport (Denzel Washington), Antwone inicialmente se mostra relutante mas aos poucos revela ao médico seu passado problemático. Com o tempo Antwone e o dr. Davenport iniciam uma relação de amizade, ao mesmo tempo em que o marinheiro se apaixona pela jovem Cheryl (Joy Bryant).
LIVROS - DICAS DE LEITURA.
Ahyas Siss
Afro Brasileiros Cotas e Ações Afirmativas: Razões Históricas.
Há cerca de quatrocentos anos que os primeiros africanos foram trazidos ao Brasil. Seu estatuto de escravizado nãos lhes dava direito ao sistema educacional na época reservado aos homens e às mulheres livres. É por isso que o único marco histórico objetivo para analisar e discutir a situação educativa do afro-descendente neste país só pode ser fixado após a abolição formal decretada em maio de 1888.

Maurício Pestana
Racista, Eu!? De jeito nenhum.
Descrever as diversas faces das desigualdades sociais e raciais brasileiras tem sido a marca do cartunista Maurício Pestana. Através de sua obra é possível ter a mais completa radiografia das formas sutis e, às vezes, nem tão sutis, do racismo em nosso país.

Maria Cristina Cortez Wissenbach
Sonhos Africanos, vivências ladinas - Escravos e forros em São Paulo (1850 - 1880).
Um pouco antes do advento das ferrovias, das indústrias e dos fluxos de populações imigrantes, São Paulo guardava ainda uma feição colonial, onde todos os habitantes pareciam se conhecer. Sonhos africanos, Vivências Ladinas remonta a vida da cidade na segunda métade do século na ótica dos setores sociais despretigiados, sobretudo escravos, forros e homens brancos pobres.

Marco Frenette
Preto e Branco a importância da cor da pele.
Brutalmente esclarecedor, Preto e Branco revela as feridas abertas de um dos maiores tabus a sociedade brasileira: o racismo.

Giralda Seyferth, Maria Aparecida Silva Bento, Maria Palmira da Silva, João Baptista Borges Pereira, Maria de Lourdes Siqueira, Valter Roberto Silvério, Maria Aparecida da Silva e Joaquim Barbosa Gomes.
Racismo no Brasil.
O Brasil é um país de muita cores, de muitas vozes, da cultura de muitas raças. É o país da diversidade, isso todos sabemos. Nessa afirmação, porém, reside uma perniciosa falácia, que dificulta desmascarar a supremacia branca incorporada na mentalidade nacional e a construção de um esforço contínuo na sua superação.
Supreenderia a muitos de nós conhecer a naturalidade com que o racismo esta impregnado em nosso cotidiano e os números desastrosos a evidenciar as consequências desse sentimento etnocêntrico que ironicamente corrói as esperanças de uma sociedade mais igualitária e justa.

Milton Santos
Por uma outra globalização do pensamento único à consciência universal.
Este livro de Milton Santos trata da globalização como fábula, como perversidade e como possibilidade aberta ao futuro de uma nova civilização planetária.
Os atores mais poderosos desta nova etapa da globalização reservam-se os melhores pedaços do Território Global e deixam restos para os outros. Mas a grande pervesidade na produção da globalização atual não reside apenas na polarização da riqueza e da pobreza, na segmentação dos mercados e das populações submetidas, nem mesmo na destruição da natureza. A novidade aterradora reside na tentativa empirica e simbólica de construção de um único espaço unipolar de dominação. A tirania do Dinheiro e da Informação, produzida pela concentração do capital e do poder, tem hoje uma unidade técnica e uma convergência de normas sem precedentes na história do capitalismo.

Milton Santos e María Laura Silveira
O Brasil território e sociedade no início do século XXI.
Este livro atende a dois objetivos centrais: oferecer uma visão globalizadora da realidade nacional e fazê-lo através de um dos seus aspectos mais integradores: o território.
Os fatos emergentes do período são aqui apresentados e os novos traços da econômia, da sociedade e da política aparecem por meio da redefinição das relações entre a terra e a gente do Brasil, perante as novas condições internacionais.


Preconceito Racial é uma realidade nas empresas

Executivos Negros
Preconceito racial é uma realidade nas empresas.
Eles estão acostumados a serem quase únicos. Nas universidades, nos cursos de mestrado, pós-graduação, MBAS. Quando chegam ao mercado de trabalho, com currículos invejáveis, notas acima da média, falando vários idiomas, continuam sendo minoria. Isso porque, fazem parte de uma pequena elite negra brasileira que consegue romper as barreiras sociais e do mundo corporativo, para ocupar cargos executivos nas empresas.
O Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), divulgou uma pesquisa que confirma esta realidade brasileira. Segundo ela, apenas 4,5% dos homens negros empregados na região metropolitana de São Paulo ocupam, atualmente, posições de decisão nas companhias. E só 9,6% dos executivos em cargos de direção, gerência e planejamento são negros. Para as mulheres negras, a situação é ainda mais difícil. Somente 4,3% delas ocupam esses cargos. Vale lembrar que a população negra, segundo o IBGE, corresponde a 45,3% dos brasileiros.
Quem consegue chegar lá, traz na bagagem um histórico de conquistas e de muito empenho na área do conhecimento. "A cultura e o estudo é a nossa arma no longo prazo", diz o executivo André Oliveira, 43 anos, dono da empresa Mercúrio de produções culturais. Ele formou-se e fez mestrado em engenharia no Instituto Coppead, da UFRJ, um dos mais conceituados do país. Apesar de estar entre os melhores alunos da classe, foi o último da turma a encontrar emprego. Ao longo da carreira, trabalhou em diversas multinacionais. Numa delas, foi assessor da presidência. "Sentia que meu prestígio e competência eram questionados e invejados pelos outros executivos", diz. "Um dia, pararam uma reunião e perguntaram se eu tinha sido adotado por ingleses. Como eu podia ser negro, brasileiro e ter inglês fluente?".
Os próprios headhunters admitem que não é fácil indicar um executivo negro. "É inegável que existe racismo, mas não por causa das políticas corporativas", diz Dolph Johnson da TMP Worldwide. "Ele aparece de forma sutil no preconceito de algumas pessoas". Em 26 anos como "caça talentos", indicou 500 pessoas, e apenas sete negros. Victoria Bloch, da DBM, que faz a recolocação de executivos, diz que em 13 anos atendeu 3 mil clientes, quatro negros.
Driblando as barreira sociais e corporativas.
O atual diretor de vendas corporativas da Nortel, José Marcos Oliveira, 38 anos, teve que dar duro no início da carreira ao decidir estudar no Humber College, no Canadá.
Para pagar uma mensalidade de quase U$ 1,5 mil, trabalhou como pedreiro e carpinteiro. Isso depois de ter estudado engenharia química e filosofia. Ao voltar para o Brasil, penou para encontrar um emprego à altura de sua formação. Acabou topando assumir a gerência de produto de uma empresa de comunicação de dados americana para ganhar apenas US$ 750 mensais. Bem menos do que tinha investido do próprio bolso para estudar.
Persistente, não desanimou. Em 1997, entrou para a Nortel, onde hoje ocupa a diretoria responsável pela área de vendas, marketing e engenharia. Ele está entre os 5% de executivos negros da empresa. Agora, numa fase mais estável da carreira, acredita que o fato de ser negro já não faz tanta diferença. O começo é bem mais difícil. "Existe uma fase em que parece que todo mundo está torcendo para você falhar", diz. "Quanto mais visibilidade você ganha no mercado, mais as pessoas duvidam da sua capacidade, porque você é negro". Especialmente quando se está numa posição de comando, uma equipe pode sabotar o chefe negro não contribuindo, por exemplo, para se atingir metas. "São barreiras sutis que você precisa aprender a superar", diz Oliveira.
O consultor de RH da IBM, José Carlos do Nascimento, 31 anos, conta que quando entrou para a Lotus, depois de vencer 14 candidatos brancos, era o segundo negro na companhia. Com um currículo exemplar, que incluía o curso de sociologia pela PUC e pós-graduação em RH pelo Mackenzie, logo foi promovido de analista para gerente. Na mesma época, o negro Al Zollar assumiu a presidência mundial da Lotus. Então, teve que ouvir comentários, que considerou preconceituosos, do tipo: "olha aí agora você tem chance de chegar ao topo!". Atualmente, responsável pela área de consultoria de RH da IBM, que incorporou a Lotus, ele está trabalhando num projeto de diversidade, que pretende dar voz às reivindicações dos negros da empresa, que são 60, entre os 4,4 mil empregados no Brasil.
Se a presença negra é pequena, Oliveira diz que um dos motivos é a falta de candidatos, especialmente nas posições de gerência para cima. A dificuldade de ascensão profissional está vinculada não só a preconceitos, mas também à questão social. Segundo uma pesquisa do Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) realizada na região metropolitana do estado de São Paulo, apenas 2,4% dos homens negros empregados e 4,7% das mulheres têm curso superior completo.
Muitas vezes, entretanto, o empenho pessoal não é suficiente para alavancar a carreira de uma profissional negra. Liliane Pereira dos Santos, 36 anos, gerente comercial do Yahoo! Brasil, diz que o preconceito é velado, mas existe. "É mentira quem diz que nunca sentiu isso", diz. "O melhor é encará-lo como desafio". Ela lembra que em certo período decidiu deixar o emprego porque discordava de uma política adotada pela empresa na qual trabalhava. Para recolocar-se procurou um serviço de "outpalcement". Durante seis meses, fez pelo menos duas entrevistas de emprego por semana até conseguir um trabalho. "Acho que essa demora também aconteceu pelo fato de ser negra".
"Ser negro é algo que você aprende desde pequeno", diz Roger-Marcel Sidokpohou, 53 anos, diretor da divisão de RH e Organização da AGF Brasil Seguros e vice-presidente da Câmara de Comércio França-Brasil. Ele nasceu em Burkina-Faso, perto da Costa do Marfim. Roger, como é conhecido, morou 23 anos na África e outros 23 na França, antes de chegar ao Brasil em 1994. Na Sorbonne, graduou-se em direito, na Universidade de Dijon, fez pós-graduação e MBA, o doutorado foi no "Centre des Hautes Études d'Assurances" de Paris.
Ele iniciou a carreira no grupo AXA na França e entrou para o AGF em 1975. Roger acredita que o mais importante para enfrentar o preconceito é a forma como você encara as coisas. "A hipocrisia é a pior face do racismo", diz. "O que as organizações esperam é que você agregue sua competência e é isso que você deve ter em mente”.
Tendo conhecido bem as três culturas: africana, francesa e brasileira, acabou abrindo sua mente e esquecendo a cor da sua pele. Roger acredita que hoje, com a interdependência entre as nações gerada pela globalização econômica, a palavra de ordem é compartilhar, ter solidariedade. "Isso certamente está acima de qualquer preconceito racial”.
Os "caça talentos" são testemunhas da dificuldade.
"As pessoas se assustavam quando ele chegava para as entrevistas", lembra Victoria Bloch, consultora da DBM, empresa de recolocação de executivos, referindo-se a um candidato negro, altamente qualificado da área técnica. "Ele era um dos melhores do país em sua especialidade", conta.
Os "headhunters" mal conseguem lembrar de algum presidente de empresa negro no Brasil. "Já tive que lutar para convencer empresas a contratarem um negro, porque sabia que ele era a pessoa certa", diz Dolph Johnson, da TMP Worldwide.
Carlos Diz, sócio-diretor da SpencerStuart, especializado no recrutamento para as áreas de tecnologia e telecomunicações, diz que em seis anos de carreira conversou com cerca de 1,5 mil candidatos. Destes, apenas um era negro. Ele acredita que o preconceito não chega a ser um problema, o que existe é uma falta de qualificação. "Isso é muito mais dramático".
Marcelo Mariaca, da Mariaca & Associates, diz que a naturalidade para a inserção do negro no mundo dos negócios acontece na medida em que ele consegue quebrar as barreiras sociais. "O que temos no histórico do negro com sucesso profissional é que ele já nasceu numa família com capacidade de oferecer um bom estudo", diz. "Depois vem à oportunidade, a sorte e o empenho".
O preconceito também está na questão salarial.
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concluiu que o homem negro sofre principalmente pela menor qualificação, que representa 73,5% da diferença salarial média. O preconceito "puro" representa 17,9%, mas aumenta na medida que acontece a ascensão salarial. O fim desse preconceito representaria um aumento salarial de 5% a 7% para os mais pobres e de 20% para os negros mais ricos. Já as mulheres negras acumulam perdas relacionadas tanto ao fator qualificação, comum aos negros, quanto ao preconceito "puro" (45% do abatimento), sentido pelas mulheres brancas.
Realizado em 2000, por Sergei Suarez Dillon Soares, da diretoria de estudos sociais do instituto, o trabalho foi baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que apontou que, em 1998, a média salarial dos homens brancos era de R$ 726,89 enquanto a dos negros, R$ 337,13. As mulheres negras recebiam ainda menos: R$ 289,22.
Considerando que esse abatimento poderia ser causado por dois fatores extras (qualificação e inserção em diferentes mercados de trabalho), Soares estimou o peso da diferença devido ao preconceito. Esse estudo sobre os motivos que levam às discriminações salariais de homens e mulheres negras pode ser conferido na íntegra, dentro do site do Ipea www.ipea.gov.br .
Fonte: www.culturanegra.com.br

Mulher Negra Brasileira - Zezé Motta

Zezé Motta
Nascida em Campos, cidade do Norte Fluminense, Maria José Motta passou a residir no Rio de Janeiro, aos dois anos de idade, onde estudou em um colégio interno. Levada pelas mãos da mestra do teatro infantil, Maria Clara Machada, foi como bolsista fazer um curso de teatro, numa das mais famosas escolas do Rio de Janeiro, O TABLADO. O interesse pela arte de representar aflorou rapidamente em Zezé, e finalmente, em 1967, já estava profissionalizada. Para nossa sorte, alguns anos depois surgia uma das mais talentosas atrizes brasileiras, ZEZÉ MOTTA.
O SUCESSO FULGURANTE
Como atriz, ZEZÉ MOTTA teve carreira meteórica. Seu debut nos palcos aconteceu em 1967, no espetáculo RODA VIVA, com direção de José Celso Martinez Correa. Daí em diante não parou mais, participando de importantes peças, tais como: FÍGARO FÍGARO, ARENA CONTA ZUMBI, A VIDA ESCRACHADA DE JOANA MARTINE E BABY STOMPANATO, em 1969. Em 1972, participa de ORFEU NEGRO e, em 1974, do famoso GODSPELL, musical de grande sucesso na Broadway. Seu último grande sucesso no Teatro foi no musical ABRE ALAS, em 1999, sob direção da talentosa dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho, ao lado de Rosamaria Murtinho.
O CINEMA EM SUA VIDA
Com passagens pelo cinema em A RAINHA DIABA, VAI TRABALHAR VAGABUNDO e a FORÇA DE XÂNGO, logo ZEZÉ faz teste para o filme que virá a ser o maior sucesso de sua carreira, XICA DA SILVA. Com direção de CACÁ DIEGUES, XICA DA SILVA faz sucesso no mundo inteiro, fazendo com que ZEZÉ MOTTA se torne conhecida mundialmente. Por sua magistral interpretação, recebeu todos os prêmios como atriz. A seguir vieram TUDO BEM, ÁGUIA NA CABEÇA, QUILOMBO, JUBIABÁ e ANJOS DA NOITE. Em 1989, ZEZÉ esteve nas telas em 6 filmes: SONHOS DE MENINA MOÇA, NATAL DA PORTELA, PRISIONEIRO DO RIO, EL MESTIÇO, DIAS MELHORES VIRÃO, TIETA e o TESTAMENTO DO SRº NAPOMUCENO. Seu último filme foi ORFEU, de CACÁ DIEGUES, em 1999.
A CULTURA NEGRA E O PRECONCEITO
Ao decidirmos fazer esta série de matérias sobre a cultura negra no Brasil, não pensávamos em enfocar a questão do preconceito racial; tínhamos a idéia de falar da cultura negra como já falamos e ainda falaremos de inúmeros outros povos que contribuíram para fazer do Brasil esse mosaico de raças.
Mesmo sem intenção de falar disto, a realidade se impôs e logo nas primeiras entrevistas percebemos que a cultura africana daqui é intrinsecamente ligada à escravidão e ao preconceito; estes elementos fazem parte da história do povo, assim como o colorido das roupas e da música, o sabor picante dos pratos e tantas outras coisas às quais nos acostumamos tanto que nem paramos para pensar de onde vêm. Portanto, não seria possível falar da cultura sem falar do preconceito.
Durante três séculos o trabalho escravo foi explorado no Brasil, até que a Lei Áurea foi assinada, abolindo a escravidão. Mesmo assim, o fim da escravatura foi uma idéia que demorou mais de um século para amadurecer e foi este um dos mais importantes períodos para a consolidação da cultura negra no Brasil. Nessa fase surgiram os clubes negros, os jornais que pregavam a liberdade, os partidos abolicionistas, os intelectuais, os políticos e os poetas.
Hoje, dono da maior população negra depois da Nigéria, com mais da metade dos habitantes negros, o Brasil conserva os costumes, as crenças, as maneiras e o modo de vida da raça negra, que acabaram originando a chamada cultura afro-brasileira. Na nossa dança, na religião, na música, na comida, no vestuário e na gíria, nota-se uma grande influência da cultura africana que hoje é mais do que nunca preservada, valorizada e praticada.
ENTREVISTA DE ZEZÉ MOTTA PARA A REVISTA RAÇA BRASIL
“Essa entrevista foi feita no período em que foi exibido na TV Globo a novela Porto dos Milagres”.
Você já sentiu algum tipo de discriminação por ser negra, mesmo depois de famosa?
Antes de ser conhecida no meio artístico e reconhecida pelo público, passei muitas vezes por situações de preconceito. Agora não posso reclamar, sou mais respeitada. Mas vejo muitos atores novos desempregados e deprimidos por causa disto. Para quem ainda não se firmou, a situação é bem complicada. Superei o preconceito com muito trabalho, muito empenho e luta constante.
De uns tempo para cá, tem havido uma valorização do negro na mídia. Pela primeira vez começaram a surgir, por exemplo, revistas e produtos de beleza específicos para pessoas negras. Você acha que essa valorização reflete uma mudança real na sociedade?
Acho que essa valorização tem mais a ver com a pressão de negros intelectuais. A Revista Raça, no ano em que foi lançada, vendeu mais do que qualquer outra. Acho que finalmente os empresários se deram conta de que os negros representam uma grande fatia do mercado, que eles consomem, que também compram. Acho que realmente está havendo uma preocupação em mudar isto, vejo na publicidade, na recém terminada novela das 6h, Estrela-guia, havia uma moça negra e seu namorado, também negro, ambos muito bem sucedidos. Acho que a pequena mudança que está acontecendo neste sentido é boa, porque acredito que se mudarmos isto nos meios de comunicação poderemos mudar a mentalidade das pessoas, já que a mídia é muito poderosa.
Quando questiono produtores e diretores sobre isto, eles me respondem que a TV e o cinema reproduzem a realidade do Brasil, que os negros, aqui, tem um poder aquisitivo menor, que são em geral de classes sociais mais baixas, trabalham como faxineiras, empregados domésticos, serviçais, enfim, que nem chegam às universidades. Me surpreende muito isto porque tem muito negro engenheiro, arquiteto, médico. Existe classe média negra, embora não seja a maioria, só que a mídia não mostra isso. Aí fico pensando que o Brasil vende tanta novela no exterior. Será que ninguém lá fora perguntou que Brasil é este, que só tem brancos? Mesmo minha novela (Porto dos Milagres), se passa na Bahia, onde a população é predominantemente negra, e somos só seis negros no elenco.
Temos, no CIDAN (Centro de Informação e Documentação do Artista Negro), cadastrados hoje 380 atores negros, do RJ, SP e Bahia. E cadê esse pessoal? Você não vê por aí. Acho que para virar este jogo precisamos começar a produzir e dirigir nossas próprias peças, e não ficar esperando os brancos abrirem portas. Se fizermos bem feito, isto dá certo. Não estou falando de usarmos um elenco completamente negro, mas com maioria de atores negros. Não se trata de privilegiar estes atores, mas de criar oportunidades que atualmente não existem.
Acho também que estas conquistas podem ajudar outras classes menos favorecidas a andarem mais em direção à defesa de seus direitos.
Na sua opinião, como o Jorge Amado trata a figura negra em seus romances?
Quando fiz Xica da Silva e Quilombo as pessoas (algumas do movimento negro) questionavam e até criticavam o Cacá que os filmes eram sobre negros, mas na visão dos brancos. Aí ele respondia que aquela era a visão dele do Quilombo dos Palmares ou da história da Xica da Silva. Quem tivesse outra visão poderia representá-la de outra forma. Acho que a questão do Jorge Amado é igual. Ele escreve sobre a Bahia que ele vê.
Como você sente a repercussão no público, da imagem de uma mãe de santo (a Mãe Ricardina, da novela Porto dos Milagres? Acha que ainda há algum tipo de preconceito contra o Candomblé?
Gosto muito dela principalmente porque o público gosta muito dela. Nós, atores, precisamos do amor do público. As pessoas me falam que gostam dela, então eu estou fazendo com muito prazer, estou feliz e faço com prazer.
Eu não sabia nada sobre Candomblé, tinha medo até de passar na entrada de um terreiro. Quando saí pelo mundo para divulgar Xica da Silva, as pessoas me perguntavam sobre cultura negra e eu não sabia nada. Então fiz um curso com a antropóloga Lélia Gonzales e dele fazia parte assistir a um ritual de Candomblé. Já havia um suspeita de que eu era filha de Oxum. No dia em que fomos assistir ao ritual, era justamente uma festa para Oxum. Adorei, achei lindo e descobri que era mesmo filha dela. De lá para cá eu, sempre que vou à Bahia, vou ao terreiro de Mãe Estela, o Ilê, Axé Opó Afonjá . Todo final de ano faço um descarrego e de vez em quando jogo búzios. Toda vez que entro em cena, peço licença à Oxum para viver uma filha de Iemanjá e peço a Deus que meu trabalho resulte em algo bom. Durante muito tempo, e ainda acontece, as pessoas acharam que Candomblé e Umbanda eram religião de gente ignorante. Espero sinceramente que a Mãe Ricardina possa ajudar a quebrar esse preconceito.
Conheça o CIDAN – Centro de Informação e Documentação do Artista Negro

Fonte: www.culturanegra.com.br