sábado, 22 de setembro de 2012

Filme: A princesa e o Sapo

Filme: A princesa e o sapo

A Princesa e o Sapo (título original: The Princess and the Frog), é um filme animado pela Walt Disney Animation Studios (2009).

Realmente é um filme muito bonitinho e que maravilha: Finalmente príncipes e princesas negras. Mas...

É preciso ter uma postura crítica ao assistí-lo e ao trabalhar com ele em sala de aula.

Embora retrate figuras negras de forma bela (dentro de um padrão já estabelecido por nossa sociedade - não há traços característicos que o negro se identifique, a "princesa" parece uma Barbie pintadinha de pretinha), devemos atentar para o que esse filme intensifica, reproduz, reforça na mente dos nossos pupilos.

A história remonta um cenário negando novamente o nosso legado da cultura negra. Novamente, a menina negra não tem origem (a princesa - de nada, só porque intitularam assim, pois não há nada que dê motivo para ter esse título. Por que não referendar que poderia ser princesa, por exemplo, em sua origem? Pois na África também houve/há reis, príncipes, realeza), apenas coloca-se que é filha de empregada e o seu maior sonho é ser cozinheira, dona de um restaurante (não desmerecendo a profissão), mas o que isso representa em nosso contexto histórico-cultural, que subconscientemente o lugar da mulher negra é na cozinha. O rapaz negro, o príncipe, gosta de arte, música (que não é muito reconhecido como uma profissão de valor), não gosta de trabalhar, sem credibilidade alguma, um vagabundo, incapaz de ter responsabilidade. Novamente, reforçando a idéia de que negro não passa disso, um vagabundo e deve viver na senzala (o príncipe é deserdado).

Os príncipes e princesas das histórias europeias são sempre heróis, a missão sempre é salvar o reino inteiro, sofrem injustiças e no final vivem felizes para sempre, admirados por todos, tornando-se reis e rainhas de fato, lugar de sua origem.

Vejam como reproduzimos esse pensamento para os nossos pupilos negros e não-negros mais uma geração à dentro. Não podemos permitir isso! O professor precisa fazer essa crítica, ter esse cuidado, esse olhar e discutir com seus alunos (de qualquer nível, modalidade, faixa etária) para que não continuemos a ver o mundo com essas diferenças tão discrepantes e cruéis, porque é isso que simboliza.

Em meio a cantorias e muita aventura durante o filme, é preciso atentar para essas estruturas, e não digo que não devamos usá-los como instrumento, pelo contrário, utilizar o material para refletir a nossa sociedade, os nossos conceitos e preconceitos, nossa mentalidade, porque certamente, nem nos damos conta da imagem tão negativa que estamos reproduzindo sobre nós mesmos. Então, sugiro que ao assistir esse filme (e outros) tenham esse novo olhar, para que possamos ter o discernimento, a capacidade e a coragem para discutir esse assunto tão delicado para nós, pois é doloroso assumir que na verdade é mais ou menos assim mesmo que pensamos, mas isso é um projeto introduzido em nossa história há séculos, é claro que não é fácil desconstruir esse jeito de pensar de uma hora para outra, mas já é hora! Aliás, já passou da hora! E é esse o nosso papel, o nosso desafio como professor, fomentar o pensamento crítico em nossos educandos, mas é preciso que o professor tenha essa visão.

Conto contigo para repensar a sua postura diante das questões do negro e muitos outros segmentos que sofrem discriminações e preconceitos.

Apenas minha opinião agora!

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3 comentários:

  1. Show amiga, é isso mesmo. Infelizmente alguns trabalham o assunto porque tem que trabalhar e ao apresentar este filme sentem -se inaltecendo o negro e não lê nas entrelinhas, não analisa a abordagem do tema. Se este realmente está sendo justo ou apenas está, veladamente, fazendo uma apologia ao preconceito. Parabéns amiga!

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    1. Obrigada querida! Sempre acompanhanfo minhas reflexods ne?

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    2. Obrigada querida! Sempre acompanhanfo minhas reflexods ne?

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