domingo, 13 de fevereiro de 2011

Poesias

Do povo buscamos a força
"Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.


Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.


Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.


Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.


Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos
lutar pra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.


Lutar pra quê?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?


Na mesma barca nos encontramos.
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!


Mantivemo-nos firmes: no povo
buscáramos a força
e a razão.


Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O Povo tomou a direção da barca.


Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós."
do poeta angolano AGOSTINHO NETO
Encontrei minhas origens
Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros


Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas


Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros


Encontrei
Em doces palavras
Cantos
Em furiosos tambores
Ritos


Encontrei minhas origens
Na cor de minha pele
Nos lanhos de minha alma
Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos


Encontrei
Encontrei-as enfim
Me encontrei


Oliveira Silveira
Oliveira Silveira
Escravidão
Ouve meu canto
De dor e de pranto,
De sofrimento,
De desencanto,
Ouve meu grito
De liberdade;
Viva a vida!
Chega a maldade.
Felicidade
Onde estás?
Ser livre é o que eu quero,
Todo dia espero
A liberdade chegar.
Meu canto cansado,
Há muito tempo abafado,
Começa a soar
E num grito, Num hino,
Eu digo e repito
Com a voz do coração:
Acabe, em nome de Deus,
Com a maldita ESCRAVIDÃO.
Autor: Carlos Benevenuto Padilha




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